Entenda com que se preocupar ao ir em busca de parcerias de
inovação para o seu negócio
Quando a inovação faz parte da estratégia da empresa, as
ações de inovar tornam-se um desafio. Além das metodologias utilizadas, a
própria inovação precisa se “renovar” de acordo com fatores internos, como
tamanho da empresa, e com fatores externos, principalmente políticos e
macroeconômicos.
É comum por parte da mídia uma supervalorização dos cases de
empreendedores que, com uma ideia e pouco investimento, tornaram-se lendas
mundiais, sinônimos de sucesso. Devemos entender que eles são exceções. O
desenvolvimento das ideias de negócio por si pode demandar poucos recursos,
porém, na “vida real”, transformá-la em uma inovação que gera nota fiscal
demanda investimentos, que sempre podem ser formados por meio de parcerias. Por
isso, listo 5 pontos que merecem atenção em parcerias de inovação:
1. Ter clareza da estratégia
É comum empresas saírem em busca de um produto ou serviço
revolucionário que, por um golpe de sorte, venha trazer visibilidade e
independência financeira ao negócio, o que pode até acontecer. Porém, na
prática, uma estratégia contendo objetivos e metas claras possui maior
probabilidade de sucesso para ambos os parceiros de inovação.
2. Definir bem os parceiros
A depender do projeto, a definição do parceiro exige
análises aprofundadas. O governo brasileiro já apresenta uma série de fomentos
para inovação em diversas áreas do conhecimento.
Quando a decisão envolve projetos tecnológicos, a boa
notícia é que, com a Lei de Inovação brasileira, parcerias com Universidades e
Centros Tecnológicos passaram a contar com protocolos que facilitaram a
negociação. Antes da lei, a maioria dos recursos para inovação estava
direcionada aos órgãos e empresas públicas. Aportar investimentos para empresas
privadas era considerado um ato quase pecaminoso. Neste contexto, as
universidades faziam pesquisas desconectadas do mercado, pois o objetivo era
apenas gerar papers. Do outro lado, ficavam as empresas, sem recursos
financeiros e pesquisadores (mestres e doutores) para apoiá-las em projetos de
cunho tecnológico que lhe garantiriam competitividade e crescimento
sustentável.
A Lei de 2004 estabeleceu que universidades públicas
poderiam dividir seus recursos humanos e de infraestrutura de pesquisa com o
setor privado, sendo um marco para a área de P&D no país, pois facilitou e
estimulou a interação entre a academia e o setor produtivo. Atualmente,
amparados pela lei, tanto empresas como pesquisadores podem desenvolver
projetos em parcerias financiadas por fundos governamentais, a chamada “hélice
tríplice”. Com essa proximidade, os projetos ficam direcionados às necessidades
das empresas que, via de regra, conhecem o consumidor. O resultado é o melhor
atendimento ao mercado e o fortalecimento da economia do país.
Além dos fomentos tradicionais à inovação ofertados pela
Finep, BNDES e CNPq, o governo federal em 2014 formalizou a abertura de um novo
e importante órgão para este fim: a Embrappi – Empresa Brasileira de Apoio à
Pesquisa Industrial. Diferentemente do modelo padrão de parceria dos demais
órgão citados – mais burocráticos – a Emprappi tem protocolos mais
simplificados. O governo federal selecionou alguns Institutos de Ciência e
Tecnologia (ICTs) – como IPT, INT, ITA, Lactec entre outros – para receberem
verbas para atender as demandas de projetos inovadores. A contrapartida das
empresas fica em por volta de 30% do valor requerido. A vantagem está no
relacionamento direto entre empresa e ICT e na agilidade no atendimento da
demanda tecnológica.
Acordos de parcerias com clientes são também opções
interessantes no desenvolvimento de projetos inovadores. Além da viabilização
de projetos pela somatória de recursos, une-se, por exemplo, a capacidade
técnica e científica da empresa com o conhecimento de mercado e a capilaridade
do distribuidor para introdução do produto ou serviço no mercado. Mas é
importante salientar que essas parcerias podem trazer impactos negativos no
relacionamento com stakeholders que ficam de fora da parceria. É preciso estudo
do custo-benefício e um plano de contingência para minimizá-los.
3. Atenção a compatibilidade de cultura
Embora pareça óbvio que parcerias sustentáveis ocorram com
sócios de culturas similares, muitas vezes as negociações para inovação ocorrem
dentro de um campo puramente técnico. Essa miopia no alinhamento das visões
pode, no curto prazo, esconder visões e conceitos não coincidentes entre as
partes, que podem levar o projeto ao fracasso na fase de sua implementação.
4. Controlar prestação de contas
Um ponto de extrema importância com o uso de fomentos
governamentais é a presença na empresa de profissionais com capacidade
técnica-administrativa para gerenciamento dos recursos e prazos acordados. Uma
prestação de contas indevida, além de prejuízos imediatos à empresa, fechará as
portas para futuras parcerias, sobretudo com órgãos públicos.
5. Visão de Longo prazo, sem atropelos
Por mais recursos humanos e financeiros que possam ser
disponibilizados à inovação, não é possível entrar em um “worm hole” – um
atalho – para encurtar o tempo do projeto. O processo de parcerias,
principalmente tecnológicas, demandam negociações aprofundadas, seja na esfera
privada ou governamental. Vencida a primeira batalha de negociações, vem o
desenvolvimento de projeto, que, via de regra, traz surpresas que consomem
tempo e paciência dos interlocutores.
Há um consenso no mundo dos negócios que o sucesso não
pertence aos grandes, e sim, aos mais rápidos. Com base neste chavão, podemos
concluir que parcerias para inovar podem trazer maior velocidade aos projetos e
resultados positivos para as empresas. Mas é importante não confundir senso de
urgência com atropelos. Dessa forma, uma análise racional dos itens citados
acima propiciará resultados mais previsíveis nas parcerias de inovação e,
consequentemente, maior chance de crescimento sustentável do negócio.
Leia mais em Endeavor @
https://endeavor.org.br/parcerias-inovacao/
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