Por: Marcelo Salim
Você está bem no jogo e não quer mudanças? Prepare-se, pois
elas virão. É melhor estar preparado para transformar a sua vida diariamente do
que esperar alguém fazer isso por você.
Muita gente diz compreender a importância do movimento
empreendedor, da alavanca que gera na economia, influenciando desde a geração
de empregos até o retorno à sociedade. Por mais que o compreendam e valorizem,
todavia, não conseguem se identificar com o processo. Acham tudo muito bom, mas
não se veem ativamente identificando e explorando oportunidades. Embora não
digam, a maioria acredita fundamentalmente que isso nada tem a ver com eles,
felizes funcionários das prósperas companhias onde trabalham.
É bem verdade que na vida o mais importante é ser feliz. E
que parte importante da felicidade é fazer o que se ama, trabalhar num lugar em
que se sinta bem e lidar com gente de quem se gosta. Trabalhar em uma grande
empresa e se sentir realizado, portanto, é algo possível e muito positivo.
Nenhum problema, só felicidade. O problema é achar que este cenário é estático.
Enquanto se curte a felicidade, é importante observar o que
está acontecendo no mundo, para não ser pego de surpresa. O clichê atual mais
verdadeiro é que de constante mesmo só as mudanças. Não importa o quão feliz
você esteja com a sua indústria, empresa ou função: alguém, em algum lugar do
mundo, está trabalhando para tornar obsoleta a sua função, tirar a sua empresa
do mercado ou até mesmo exterminar toda a sua indústria. Não que façam isso com
má intenção. Muitas vezes, nem se percebe o que está fazendo. O desenrolar dos
fatos e as respectivas implicações é que são inexoráveis. Quando menos se
espera, o efeito dominó chega a você.
A atitude empreendedora é o que pode melhorar o seu instinto
de sobrevivência. Faz com que você perceba risco onde só há paz e harmonia. Faz
você enxergar oportunidades onde outros veem problemas. Faz com que você não
seja apenas mais um José.
Há não muito tempo havia um feliz José. Ele trabalhava em
empresa tradicional, reconhecida como aquelas “melhores para se trabalhar”.
Após longa jornada que envolveu preparação e trabalho duro, José ocupava
posição executiva, tinha secretária atenciosa, carro da empresa com motorista,
plano médico, odontológico e previdenciário. O salário era excelente e a ele
ainda se somava participação nos lucros e o que mais se podia imaginar. José era
querido pela mídia e pelo mercado. Recebia presentes e convites para eventos
glamorosos. Bastava que músicos importantes chegassem ao Brasil para José ser
chamado para encontrá-los, usando seu crachá, pulseira, boné e camisa especial
no camarote “VIP” do tal show.
Quem era José e por que era tão paparicado? Bem, José era o
principal executivo da maior empresa fabricante e fornecedora do material
básico da indústria fonográfica. Ele era responsável pelo meio absoluto de
transmissão do trabalho dos artistas para o grande público. Sem José a
gravadora teria as mãos atadas e o artista não chegaria ao mercado. José se
confundia com a própria indústria da música! Seu codinome era “Sr. Vinil”.
E, quando se está bem no jogo e ganhando com folga, tudo o
que não se quer é que o jogo mude. Infelizmente, porém, determinar por completo
a sucessão de fatos não é prerrogativa de ninguém em particular. Um fato
aleatório pode desencadear uma série de eventos simples e uma grande e complexa
avalanche tem início.
Bem longe de José, ora em animadas conversas em cafés de
universidade, ora em incessantes jornadas em ambientes de trabalho singelos e
nada confortáveis, inadvertidamente, alguns jovens e seus mentores, que jamais
conheceram José, tramavam e construíam para ele um futuro sombrio. Primeiro foi
o CD, depois o MP3 e... E agora, José?!
Olhe com atenção ao seu redor. Observe a lista das 500
maiores empresas do mundo em 1970 e repare quais delas não estão mais entre
nós. Avance no tempo e pergunte-se: Por onde andam PanAm, Arthur Andersen,
Varig, Compaq, Lehman Brothers?
Jamais subestime o poder das mudanças. É melhor estar
preparado para mudar a sua vida diariamente do que permitir que alguém a mude
por completo da noite para o dia. E, se eu pudesse deixar uma dica, seria que a
verdadeira segurança está na livre iniciativa.
Fonte: http://www.endeavor.org.br/
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